Espaço Sagrado, Oportunidade Gloriosa
Maria “teve a seu filho primogênito; envolveu-o em faixas e o deitou em uma manjedoura, porque não havia lugara para eles na estalagem” (Lucas 2.7).
Mas que lugar para uma aparição de Deus! Pensaríamos, quem sabe, em hospedarias mais confortáveis e preparadas para o comparecimento maciço de pessoas que estavam obedecendo a um decreto para resensamento; mas não um abrigo para gado, um estábulo, talvez uma caverna simples com um cocho cheio de alimentos!
Ao aparecer lá, Deus reveste o lugar de qualidade da glória e nos mostra o valor que devemos atribuir ao lugar onde Ele aparece, seja ele qual for. A glória celestial invade a realidade terrena para tornar todo e qualquer lugar digno de respeito como um local com o potencial para u’a manifestação do Deus vivo.
Um coro de anjos aparecera aos pastores, os quais, impactados pelas notícias da intervenção miraculosa em Belém, se deslocaram dos arredores da cidade em direção ao estábulo onde estava o menino Jesus. Na visão deles, Deus havia mostrado que o Divino não despreza os lugares que parecem inexpressivos e comuns. Quando chegaram àquele humilde lugar, os pastores se viram na presença de um bebê tenro, que era o Deus incarnado. Em Cristo, o segundo Adão, deitado numa mangedoura, Deus veio ao Seu próprio mundo (João 1.11) para nos salvar dos nossos pecados (Mateus 1.21).
A manifestação do Criador num lugar tão humilde certamente coloca diante de nós um desafio constante – o desafio de nunca considerarmos qualquer lugar como um local indigno de uma epifania divina e, portanto, para ser desprezado e posto além dos limites daqueles que adoram a Deus. Podemos descobrir que Deus sempre é encontrado em lugares inesperados. E mais, independentemente do “onde” e “como” da manifestação de Deus, devemos oferecer honra Àquele a quem adoramos.
Nas ruas de nossas cidades; nas favelas urbanas e comunidades rurais; nas mansões construidas nas colinas ou nos casebres às margens dos rios; nos lugares áridos varridos pelos ventos do deserto ou nos campos ricos e férteis com abundante colheita, Deus pode aparecer a qualquer hora. E quando Deus aparece de modo incógnito, faz-se mister que reconheçamos Aquele que se manifesta, colocando-nos ao Seu inteiro dispor.
Será que Deus não lhe apareceu rescentemente disfarçado de um estrangeiro indocumentado vivendo em seu país? Ou na forma de um morador de rua, tremendo no frio intenso ou castigado pelo calor abrasador? Ou como uma pessoa sofrendo de HIV/AIDS ou dependente químico? Ou como um mendigo pedindo uma esmola ou caído na rua, quase sem vida e sofrendo as dores debilitantes da fome? Como você reagiu diante do Senhor? O que você disse? O que você fez?
Que o Espírito Santo nos capacite a reconhecer, durante esta época de celebração, quando Deus surge diante de nós vestido com trapos da pobreza; revestido de roupas esfarrapadas da deliquência; com o rosto de um andarilho, de um desprezado da sociedade, de um dependente químico.
E ao constatarmos a manifestação de Deus, que o aspecto comum do lugar e as imagens possivelmente ligadas a ele, os quais poderiam inclusive nos afastar, nunca nos impeçam de estendermos braços bem abertos. Com isso, podemos receber e abraçar Aquele que nos oferece uma oportunidade maravilhosa de compreendermos as riquezas incomparáveis de nossa humanidade.
Neville Callam
Secretário Geral da Aliança Batista Mundial
(Tradução para o Português: Fausto A. Vasconcelos)